Quadro intitulado "MEPEMA"
 
"Li" o teu quadro, com um devotado interesse ,dado o que sei do Cubismo. Recordei Kandinski e Maiakovski, este na Poesia e vi que tudo o que pensei ver no teu quadro corresponde ao meu sentir.

Pois bem:sobressaem vários tons de verde, sendo o verde-forte o mais revelado, até porque "MEPEMA" e os seus "meninos brancos" andavam, sem os pais brancos suspeitarem, pela selva tropical, rodeados de perigos, que essas mãos grandes, negras e fortes, parecem sugerir. Mas essas mãos protegiam e acarinhavam. Deus ou uma divindade Superior, que tu desenhaste, com olhos que tudo vêem, com boca aberta a "avisar",...Interessante a "barbicha" a dar a entender uma figura humana,,,Como pretendiam os "Cubistas" ,o mundo , nos seus 4 elementos, está TODO ALI: AR, ÁGUA; TERRA e FOGO. No fundo do quadro há uma nesga de mar, com espuma esbranquiçada que dá, tal como os tons azulados, uma ideia de inocência perdida na floresta tremenda, perigosa e ameaçadora. De recordar que a Entidade deífica tem um halo de divindade  em cima da cabeça, o que pode sugerir que o Deus- Filho sofreu também, e foi sacrificado por uma multidão agressiva como os traços que representam as árvores! O Fogo do amor de "MEPEMA"sugerido pelos traços pintados a cor de laranja-forte! A borboleta da liberdade da vida, anda a voar por cima dos "meninos brancos que representam todos os meninos do mundo que é livre! Uma árvore sobressai , num traço forte que encima um livro com as letras M E...Sou EU! Que é que o futuro Me reserva? Talvez a escrita, as Letras, sabe-se lá...

O "E" irradia raios brancos... a minha pureza, ao caminhar por esse mundo que representas por vários círculos, até porque a Terra é redonda! Irradia de mim um futuro-a-haver , no meio de formas geométricas das quais o Mundo é feito. NADA há neste Mundo que não se sirva da GEOMETRIA!

"MEPEMA" está rodeada de uma auréola cor-de-rosa, como o mundo era para a nossa inocência!UM VERDE DE ESPERANÇA...UM VERMELHO DE AMOR À VIDA cheia de PERIGOS, um azul-calmo de espuma dos Sonhos...O LIVRO SOU EU, COMO SOU HOJE, DECIDIDAMENTE!

Por fim, os traços a negro que rodeiam as formas ,no quadro, representam a parte obscura de todos nós e do MUNDO! A vida não pode ser só flores...tem muito mais "espinhos" que nos fazem sofrer e chorar! O mundo é MAU, AGRESSIVO!

É apenas a minha leitura do que penso ter-te passado pelo pensamento até à ponta dos dedos!
  
 

 
 
ferreirapinto65 wrote on Nov 14, '10, edited on Nov 14, '10
Tive já ocasião de apreciar esta e outras obras de cariz “cubista” de Francisco Jesus e confesso que me rendo à sua sentida e rigorosa identificação com esta corrente da Arte Moderna.
Francisco Jesus, é genuíno na representação da sua expressão cubista. O recurso ao “olhar” o objecto a transpor para a tela de diversos ângulos, é efectivamente uma realidade deste pintor, muito ao estilo dos precursores do Cubismo que não se ficavam pelo “muito”que os seus olhos físicos viam, mas e fundamentalmente por “aquilo” que sabiam lá estar, como que o artista na sua mente desconstruísse o objecto e o reconstruísse sob diversos planos geométricos.
É nesta fidelidade a esta corrente que Francisco Jesus ergue o seu Império Cubista ao longo de muitos anos da sua já longa carreira de artista plástico. 
Quem conhece um pouco da escrita de Cesário Verde deliciar-se-á contemplando este “Num Bairro Moderno” de Francisco Jesus, rico na luz, que partindo de zonas individuais da obra, ilumina todo o seu espaço e faz sobressair todo um conjunto de imagens, formadas com recurso a planos geométricos, sobrepostos e entrelaçados.
Parabéns Francisco Jesus.

Ferreira Pinto
ferreirapinto65 wrote on Nov 14, '10
Contemplo este Francisco Jesus através das percepções que guardo na minha memória reactiva africana, da qual emergem sentimentos de muita nostalgia. Sim porque não foi escasso o tempo vivido em perfeita e completa comunhão com aquela cultura. E nesta obra de francisco Jesus, estão alguns dos elementos que configuram a memória colectiva Africana, da qual retenho comovidamente. 
Francisco Jesus mais uma vez me surpreende pela audácia com que aborda e expressa um tema de uma cultura por si nunca vivenciada. Mas claro que os artistas tem a capacidade de apreender as “coisas”, por vezes de forma extraordinária. Não me refiro aquilo que o artista tem que ter em consideração na realização de um qualquer trabalho, nomeadamente questões como ocupação dos espaços, equilíbrio cromático e estética, que bem considera neste trabalho. Neste aspecto Francisco Jesus tem grande conhecimento e experiencia. Mas a sensibilidade de uma cultura como a africana sem nunca por lá ter passado, já não me parece crível numa pessoa qualquer.
Francisco Jesus é um ser muito especial… um ser do mundo que sente e pressente o pulsar da vida, um pouco por todo o planeta e daí este olhar por África, aqui expresso nesta obra “Dança Africana”.
Obrigado Francisco Jesus.
Ferreira Pinto
by10
by10 wrote on Jul 5, '10
Vim parabenizar-te... Auguste Rodin, acrescenta:
"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam."
dulcidio wrote on Jan 5, '10, edited on Jan 5, '10
A cor e grafismo desta obra do Francisco transporta-me para a minha infância e sem saber porquê, dá-me um sentimento de nostalgia de que gosto muito.
dulcidio wrote on Jan 5, '10
Com paixão a peixeira vende o peixe. Com paixão foi feita esta obra.
 
 
dulcidio wrote on Jan 5, '10
O Cubismo ama-se ou detesta-se. O Cubismo feito pelo Francisco Jesus ama-se. Obrigado.
reirapinto65 wrote on Nov 14, '10
Contemplo este Francisco Jesus através das percepções que guardo na minha memória reactiva africana, da qual emergem sentimentos de muita nostalgia. Sim porque não foi escasso o tempo vivido em perfeita e completa comunhão com aquela cultura. E nesta obra de francisco Jesus, estão alguns dos elementos que configuram a memória colectiva Africana, da qual retenho comovidamente. 
Francisco Jesus mais uma vez me surpreende pela audácia com que aborda e expressa um tema de uma cultura por si nunca vivenciada. Mas claro que os artistas tem a capacidade de apreender as “coisas”, por vezes de forma extraordinária. Não me refiro aquilo que o artista tem que ter em consideração na realização de um qualquer trabalho, nomeadamente questões como ocupação dos espaços, equilíbrio cromático e estética, que bem considera neste trabalho. Neste aspecto Francisco Jesus tem grande conhecimento e experiencia. Mas a sensibilidade de uma cultura como a africana sem nunca por lá ter passado, já não me parece crível numa pessoa qualquer.
Francisco Jesus é um ser muito especial… um ser do mundo que sente e pressente o pulsar da vida, um pouco por todo o planeta e daí este olhar por África, aqui expresso nesta obra “Dança Africana”.
Obrigado Francisco Jesus.
Ferreira Pinto

 

 

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ferreirapinto65 wrote on Nov 15, '10, edited on Nov 16, '10

Nazarena, é mais uma obra “Cubista” de Francisco Jesus. Mais uma vez se nota a disciplina de Francisco Jesus ao estilo desta corrente da Arte Moderna.
Como se pode observar, esta obra apresenta um excelente equilíbrio cromático com planos de luz bem distribuídos e responsáveis de certo modo pelo destaque geométrico das formas que aqui e ali se insinuam ora fiéis aos seus respectivos modelos, ora reconstruídas de forma reactiva, face a uma desconstrução inicial e consciente dos objectos, descobrindo aos olhos do observador uma nova realidade em vários planos de representação.
Em toda a obra de Francisco Jesus, não se vislumbram passos na direcção de um Cubismo Sintético, mas sim, marcadamente Analítico. Esta rigorosa dedicação do artista durante uma boa parte da sua vida à expressão analítica do Cubismo, não significa de modo algum uma amarra que o aprisionava e, paradoxalmente que pareça, o distanciava das correntes mais vanguardistas, mas sim uma enorme paixão que dedicadamente o elevava no seu mais grandioso e intimo projecto de vida. Por isso, o destaque que a este artista é dispensado nos meios cubistas das artes plásticas em Portugal.
Ferreira Pinto

 
dulcidio wrote on Jan 5, '10, edited on Jan 5, '10
A cor e grafismo desta obra do Francisco transporta-me para a minha infância e sem saber porquê, dá-me um sentimento de nostalgia de que gosto muito.